sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sydney - Mario & Cassandra Claire



Para além de querer visitar os países e territórios de língua oficial portuguesa, também queria dar a volta ao mundo. E uma vez que decidi começar a viagem pelo Brasil, contornar o globo implicava seguir para Timor-Leste atravessando o Pacífico. Ao pesquisar os voos para este troço da viagem, o percurso mais sedutor obrigava a uma escala em Sydney. E quem é que já não desejou um dia ir à Austrália? Eu fazia parte desse grupo de sonhadores. Por isso, rapidamente transformei a escala numa estadia de uma semana para poder formar uma primeira opinião (muito superficial, admito) acerca deste país-continente que está praticamente nos antípodas de Portugal. Sabia, e ainda sei, muito pouco sobre a Austrália. E acerca de Sydney ainda menos. Levava comigo esta imagem da cidade: a bela baía num dia de verão, pejada de barcos à vela que passam sob a ponte de ferro e frente à ópera que refulge ao sol. Ou a mesma baía, a mesma ponte e a mesma ópera numa versão noturna, no momento em que tudo explode em fogo de artifício e os australianos entram no novo ano quando eu ainda estou a almoçar. Cheguei a Sydney no fim de uma tarde de domingo e a cidade recebeu-me com chuva. Isso não impediu que tivesse gostado de imediato do que vi assim que o carro começou a percorrer as ruas do bairro adjacente ao aeroporto. Um bairro residencial de pequenas casas térreas com cercas e relvados. Para quem tinha vindo do Brasil, onde o povo vive enjaulado nas suas próprias habitações, circular por ruas e ruas de casas sem grades desapertou um nó que trazia no peito e do qual não me tinha apercebido. O dia seguinte, quando fui percorrer as ruas do centro da cidade pela primeira vez, reforçou a minha boa impressão. Sydney é uma espécie de mistura entre uma cidade europeia e uma cidade americana, como se tivesse ido buscar o melhor de Londres e de Nova Iorque. É um lugar sofisticado e requintado, mas depois tem aquele tom cool e relax que lhe é conferido pela proximidade do mar e pelo estilo de vida que a praia confere. Em duas palavras: fiquei fã! Depois de um breve reconhecimento dos pontos turísticos mais relevantes, o primeiro local onde passei mais tempo foi na Custom House, junto ao porto, um edifício antigo onde funcionam hoje em dia uma biblioteca pública, do rés do chão ao último piso, e um restaurante apenas no rés do chão. Na entrada, à direita, há uma área de leitura e uma receção. À esquerda a zona para leitura da imprensa, onde estão disponíveis jornais e revistas australianos e de outras regiões do mundo. Ao fundo estão os computadores para acesso livre à Internet. E o centro é quase todo ocupado por uma maquete de Sydney em grande escala que fica sob o nossos pés e sobre a qual podemos caminhar, já que aí o piso é todo de vidro. Por volta das 13h o piso inferior da biblioteca estava cheio. Uma turma em visita de estudo apreciava Sydney em miniatura com espanto e havia utentes sentados em toda a parte. Um deles era o Mario, que trabalha numa companhia de ferries na zona do porto e que vai à biblioteca todos os dias à hora de almoço para evadir-se e relaxar. Lia "The Mortal Instruments — City of Bones" (em português, "Caçadores de Sombras — A Cidade dos Ossos", de Cassandra Claire, uma série de cinco volumes que a filha leu e que achou fantástica. "Ela insistiu tanto para que eu os lesse que decidi ler o primeiro capítulo da saga só para lhe fazer a vontade e não consegui para de ler. Agora tenho mais quatro livros pela frente", explicou-me satisfeito.


Fotos da biblioteca aqui.

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Besides wanting to visit the countries and territories of Portuguese official language, I also wanted to go around the world. And once I decided to start the journey in Brazil, go around the globe meant going to East Timor across the Pacific. While researching the flights for this part of the journey, the most appealing way forced us to do a stop over in Sydney. And who never wished going to Australia someday? I belonged to that group of dreamers. So, I quickly turned the stop over into a one-week stay so I could have a first impression (very shallow, I admit) about this country-continent that practically is on the antipodes of Portugal. I knew very little about Australia, and still don’t know much. And even less about Sydney. I had in my mind a picture of the city: the beautiful bay on a summer day, filled with sailing boats going under the iron bridge and in front of the Opera shinning in the sun. Or the same bay, the same bridge and the same Opera in a nocturnal version, at the moment everything explodes in fireworks and the Australians receive the New Year while I am still having lunch. I arrived in Sydney at the end of one Sunday afternoon and the city welcomed me with rain. That didn’t stopped me from immediately liking what I saw as soon as the car started going through the streets of the neighborhood close to the airport. A residential neighborhood of small single story homes with fences and lawns. For someone coming from Brazil, where people live caged in their own homes, going through several streets of houses without bars untied a knot in my chest that I didn’t realize was there. The next day, when I wandered by the city center streets for the first time, reinforced my good impression. Sidney is a mix between an European and an American city, like if it gathered the best of London and the best of New York. It is a sophisticated and exquisite place, but it also has that cool and relaxed mood given by the proximity of the sea and the life style related to the beach. In small words: I became a fan! After a brief recognition of the relevant tourist points, the first place I stayed longer was the Custom House, by the port, an old building where works, nowadays, a public library, from the ground-floor to the last floor, and a restaurant only on the ground floor. At the entrance, on the right, there is a reading area and the front desk. On the left side is the reading area related to the worldwide press, where Australian newspapers and magazines from other countries are available. At the far end there are the computers for free Internet access. And the center is almost entirely occupied by a model of Sydney on a large scale which is under our feet and on which we can walk , since then the floor is all glass. Around 1 pm the inferior floor of the library was full. A class on a field trip enjoyed the miniature Sydney with great amazement and there were users sitting everywhere. One of them was Mario, who works at a ferry company in the port area and goes to the Library every day at lunchtime to escape and relax. He was reading "The Mortal Instruments — City of Bones", by Cassandra Claire, a series of five volumes that his daughter read and thought it was amazing. “She insisted so much that I read them so I decided to read the first chapter of the saga just to please her and I couldn’t stop reading ever since. Now I have four more books ahead of me”, he happily explained.

Here you can find photos of the library.


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